Diversidade nas profissões e no maior Conselho da América Latina

Mulheres ocupam cargos de liderança no Crea-SP e inspiram outras profissionais

Em 2019, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) se tornou signatário do Pacto Global pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 2021, a criação do Comitê Gestor do Programa Mulher no âmbito da autarquia foi o que movimentou a pauta de diversidade na área tecnológica. De lá para cá, muita coisa mudou.

Atualmente, as mulheres são 19% do total de profissionais registados em todo o Sistema Confea/Crea e Mútua. Em São Paulo, ocupam mais da metade das cadeiras de funcionários do Conselho e correspondem a um terço das lideranças em cargos de gestão. Além das estratégias adotadas em prol do ODS de número 5 – Igualdade de gênero -, elas têm outra grande motivação para se inspirar: em 90 anos de história, pela primeira vez, o Crea-SP tem uma mulher o presidindo, a Eng. Civ. Lígia Mackey. Com ela, veio também uma maior presença feminina na diretoria.

Lideranças femininas

A também engenheira civil Fabiana Albano é uma delas. Diretora de Relações Institucionais do Crea-SP, ela atua ainda como diretora técnica no Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (Ibape-SP) e institucional no Ibape Nacional. “Fico feliz de fazer parte de um time que leva somente trabalho e resultado como item a ser considerado. O que deveria ser normal em qualquer ambiente corporativo, mas sabemos que não é”, conta.

As engenheiras Jéssica Trindade Passos e Marília Gregolin, completam a diretoria como representantes das frentes de Relações Profissionais e Técnica, respectivamente. Juntas à presidente Lígia, elas formam uma composição feminina que teve aumento de 100% de 2023 para 2024. “Ocupar este cargo, no time da primeira mulher presidente deste Conselho, está sendo um desafio motivador para mim”, afirma Marília. “Eu acredito que as melhores ideias surgem quando temos uma comunidade diversa. A mudança cultural requer esforço coletivo e estar nessa função me permite abrir caminhos para que mais mulheres ocupem espaços e se interessem por essa área de formação”, acrescenta Jéssica.

A base para conquistas tão importantes se fez no passado, na escolha delas em ingressar no campo acadêmico ou no mercado de trabalho como engenheiras, agrônomas, geocientistas, tecnólogas e designers de interiores. “Escolhi trabalhar para mulheres depois de uma experiência que me fez perceber que nem mesmo ao contratar um serviço somos ouvidas”, explica a Eng. Civ. Nauany Xavier Rodrigues. Ela entrou para o Comitê Gestor do Programa Mulher este ano e, ao lado de colegas de outras modalidades, planeja ações para ampliar o alcance desta iniciativa para além das universidades, onde estão jovens que já escolheram seus futuros profissionais. “Meu objetivo é poder inspirar meninas que ainda nem sonham com a carreira de que é possível entrar para a área tecnológica, pois eu não tive essa referência”, completa.

A coordenadora do grupo, Eng. Civ. Letícia Dias de Souza, complementa destacando que o empreendedorismo foi o que possibilitou que pudesse agregar tantos ‘trabalhos’ em sua rotina. “Sou mãe, empreendedora e profissional. É preciso manejar muita coisa”, afirma.

No funcionalismo público

O resultado da diversidade é palpável. Com a troca de experiências, conhecimentos, ideias e perfis, é possível alcançar entregas mais humanas que refletem no dia a dia do principal público do Crea-SP, os profissionais da área tecnológica.

O exemplo máximo está na fiscalização: de 2015 a 2023, as operações fiscalizatórias aumentaram 2.670%. No ano passado, a expectativa, que era de chegar a 600 mil operações, foi ultrapassada ainda em novembro e o ano fechou com 774.299 ações realizadas. “Foi preciso um trabalho conjunto de muitas áreas para que isso acontecesse. Mas, quando assumi a Superintendência de Fiscalização, um cargo que era sempre ocupado por homens no passado, já sabia que um dos desafios era inspirar os e as agentes fiscais, e promover melhorias no setor”, conta a Eng. Civ. e Eng. Seg. Trab. Maria Edith dos Santos, na função desde 2016 e funcionária pública na autarquia há 40 anos.

Lígia reconhece o potencial inovador das mulheres. Ela construiu a carreira no setor privado, mas, está há 30 anos na construção civil, se deparou com muitas situações e viu uma oportunidade de melhorar esse mercado ao participar da tomada de decisão sobre sua profissão. “Quando fiz a faculdade, fui a quinta engenheira formada na minha cidade, em Rio Claro. Isso mostra um pouco como era a realidade naquela época”, relata. “Eu chegava na obra e perguntavam ‘quem é essa menina?’. Encarei aquilo e fiz da engenharia a minha vida, mas não pode ser só minha, tem outras tantas meninas e mulheres que merecem sonhar e viver esse sonho também”, defende.

Essas são apenas algumas das mulheres presentes no Crea-SP e nas profissões da área tecnológica.

AEAAV

A AEAAV foi fundada em 25 de novembro de 1987, e no grupo de profissionais que se reuniu para buscar a formação de uma entidade de valorização e crescimento das profissões tecnológicas, as mulheres já apareciam de forma marcante. Entre elas a Eng.ª Civil Rosa Helena Manali e a Arq.ª Maria Amélia Devitte D’Azevedo Leite, que ao longo dos 36 anos de nossa história participaram ativamente da AEAAV, seja trabalhando pela entidade, pelos profissionais ou pelo município de Valinhos.

A Eng.ª Rosa Helena Manali foi presidente da AEAAV por 3 gestões, e ainda Vice-Presidente em outra gestão, e foi sob sua liderança que nossa entidade conseguiu trazer para Valinhos a Unidade Operacional do CREA-SP, fazendo com que os profissionais da cidade não mais precisassem se deslocar até Campinas para tratar de seus assuntos com o Conselho.

Ainda foi a Eng.ª Rosa Helena Manali a responsável por conseguir um plano de saúde empresarial para os associados, em parceria com a UNIMED Campinas, ativo até hoje com ótimo atendimento e custo diferenciado.

A Arq.ª Maria Amélia e a Eng.ª Rosa Helena também desempenharam um papel muito relevante na conquista da sede própria da AEAAV, com a luta pelo terreno cedido em comodato pela Prefeitura Municipal de Valinhos, elaboração do projeto arquitetônico, arrecadação de fundos para a obra, que foi concluída em 2015 com apoio do CREA-SP.

A Eng.ª Rosa Helena, falecida precocemente em 2018, nomeia nosso Salão de Eventos, em mais que merecida homenagem, para que seja sempre lembrada por todos que passarem pela AEAAV.

Além destas duas profissionais que atuaram de forma especial pela AEAAV, várias outras, em diversas áreas, participam de nossa entidade, e falam abaixo um pouquinho sobre ser Engenheira. Com a palavra, as mulheres da AEAAV:

“A experiência de 12 anos formada me faz acreditar dia a dia que escolhi a profissão certa! Tenho muito a contribuir como profissional e comecei mostrando que a Engenharia Agronômica não é exclusiva do campo. Hoje a maioria das cidades tem espaço reduzido para este profissional, mesmo frente às necessidades. Temos muito a conquistar e acredito que devemos começar pela equidade nesta caminhada.”
Eng.ª Agrônoma Kamila Shutzer M Ferreira Piaia

“Ser Arquiteta e Urbanista é uma oportunidade ímpar de contribuir para a melhoria da qualidade de vida na cidade, no município e nos ambientes construídos. Este ofício nos permite uma ampla compreensão da vida coletiva e do que significa cidadania.”
Arq.ª Maria Amélia Devitte Ferreira D’Azevedo

“Ser mulher e ser engenheira é algo que amplia os horizontes!
A engenharia amplia a visão e a percepção. A mulher representa a sensibilidade, o capricho, os cuidados nos detalhes na percepção e na construção de cada projeto.
Tenho orgulho em ser engenheira, compartilhar meus conhecimentos e atuar por mais de 20 anos nessa área que me traz conhecimentos a cada dia!”
Engª. Civil/Sanitarista Ana Paula Araujo

“Sou Engenheira Civil, e trabalho com Projeto Estrutural.
Desde menina sempre gostei de solucionar problemas, descobrir como as coisas funcionam, encarar desafios. Então fazer Engenharia sempre foi algo natural para mim.
A cada dia no escritório projetando e calculando sinto-me realizada, procurando fazer o melhor projeto possível para cada cliente. Meus projetos são parte do sonho, da vida e do crescimento de pessoas, empresas e cidades.”
Eng.ª Civil Maria Regina Pacheco de Abreu Coutinho

“Me sinto honrada em poder participar da realização de sonhos! Construir casas que serão novos lares é indiscritível! Espero que as mulheres cada dia mais lutem por seus sonhos e não tenham medo de ingressar na Engenharia! Somos capazes de projetar, gerenciar e executar nos diversos campos da Engenharia.”
Eng.ª Civil Tatiane Maria Schery Rosa

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